COMO AJUDAR OS FILHOS A LIDAR COM OS ERROS E FRACASSOS
Reconhecer o fracasso é melhor do que passar a mão na cabeça e poupar seu filho. Provavelmente, você já ouviu o samba Volta por Cima, de Paulo Vanzolini. "Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima." Não é que o biólogo e sambista estava certo? Para aprender com um erro ou fracasse e evitar que ele se repita, o primeiro passo é mesmo esse: assumir a sua responsabilidade na situação e pensar no que poderia ter sido mudado para alterar o resultado. Pena que isso não é bem o que costumamos fazer... Qual pai, por exemplo, diz ao seu filho depois de perder um jogo de futebol importante: "Você errou muitos passes, meu amor, não mereceu mesmo ganhar, tem de treinar mais"? Parece até cruel, né? É bem mais comum a criança ouvir frases como: "Tudo bem, o importante é competir", ou "Aquele juiz apitou mal demais o jogo", ou ainda "Você é ótimo, não se preocupe, na próxima você ganha."
Existem vários estudos para entender como o ser humano lida com o fracasso, porque algumas pessoas reagem bem às derrotas. Tem gente que perde o emprego ou termina um relacionamento e consegue aprender algo com a experiência. Outras sentem que são destruídas e passam a se sentir incompetentes, chegando até a ficar depressivas. As pessoas reagem de acordo como elas são educadas, incentivadas e treinadas, o que pode reforçar um maneira ou outra de se perceber. Na sociedade competitiva em que vivemos, abrir lugar para o erro e o fracasso é difícil. Mas o erro tem der ser visto coo uma informação. Ele é o aviso de que, daquela forma, o resultado não é alcançado, que é preciso empenhar-se mais, treinar mais ou mudar de estratégia. Não podemos ter medo de tentar para não errar. O erro faz parte do processo de aprendizado, não é um fracasso em si mesmo. Cientistas, por exemplo, tentam e falham constantemente, testam hipóteses, esse é o caminho do conhecimento.
Algumas dicas para ajudar seu filho a desenvolver a persistência e a confiança necessárias para trilhar esse caminho.
SER SINCERO - Quando a gente entra num jogo ou se propõe uma atividade, quer ganhar e acertar, obviamente. Por isso, não adianta, depois do fracasso, tentar reduzir a importância da atividade ou da competição e dizer que "aquilo era só para se divertir". O melhor a fazer é acolher a frustração da criança e não dourar a pílula. Aceite sua tristeza, ajude-a a elaborar o que houve e tente apontar caminhos: o que será que ela poderia fazer diferente na próxima vez?
DAR BOM EXEMPLO - Os pais sempre servem de modelo, é com suas atitudes que as crianças aprendem. Como você reage quando erra ou fracassa? Pais que assumem uma postura infalível, não aceitam críticas, competem por tudo e se cobram constantemente, passam esse modelo para a criança. Já aqueles que ao errar pegam mais leve e dizem: Puxa, errei, vou começar de novo, vão ensinar aos filhos que isso faz parte da vida, que cair não é o fim do mundo: a gente revê o que houve e se levanta.
NÃO TRANSFORMAR DERROTA EM VITÓRIA - Seu filho tirou uma nota ruim ou acabou sendo colocado no banco de reservas do time. Calma, você não precisa necessariamente ir reclamar com a professora ou com o treinador, dizendo que ele merece mais. Uma decepção não vai traumatizar seu filho para sempre. Converse com ele, tente fazê-lo entender o que aconteceu. Incentive-o, por exemplo, a pedir um retorno do professor ou treinador sobre a situação, para identificar o que pode ser melhorado. Ajude-o a aceitar e lidar com essas críticas em vez de tentar resolver para ele. Será que faltou mais treino? Que é preciso adotar outra estratégia? Tem de estudar melhor o adversário? Dar ao seu filho um prêmio de consolação também não é boa ideia. É importante permitir que ele assuma a responsabilidade ao errar ou falhar, sem recompensas e sempre tentar melhorar.
INCENTIVAR O PROCESSO - Quando a ênfase está colocada apenas no acerto, no resultado, e não no aprendizado, no processo, essa pressão pode se tornar prejudicial. O sucesso tem de ser encarado como o final de um processo que pode, sim, incluir erros e fracassos. Incentive seu filho a aprender, a procurar respostas, a cultivar sua curiosidade, mais do que a acertar. Querer aprender admite erro, acerto, tentativa e constrói saber. Querer aprovação e acerto leva muitas vezes a trapacear, afinal, o objetivo não está no desafio, no conhecimento e, sim, no reconhecimento do outro, apenas no resultado. Fazer para aprender é bem diferente. Para os que querem apenas acertar, um fracasso é um arranhão na imagem, não um desafio a ser superado. Com isso, no longo prazo, essas crianças acabam se dedicando somente ás coisas que dominam e avançam pouco, arriscam pouco.
TRABALHAR COM A ESCOLA - Procure informar-se, conversar e entender os métodos da escola. Tente acompanhar e entender o que está sendo feito, sem ficar cobrando cada passo ou colocando pressão. Muitas vezes a professora deixou passar um erro para testar a hipótese de uma criança, mas alguns pais já se desesperam e dizem que o filho não está aprendendo, sem saber de fato o que está acontecendo.
TALENTO PODE SER DESENVOLVIDO - Uma criança pode ter um talento inato, ter muita facilidade ou aptidão para determinada atividade. Mas isso não quer dizer que deve se dedicar apenas ao que faz facilmente. Exercitar-se e treinar sempre levam a uma melhora. Cultivar a persistência será útil para seu filho. Vale a pena mostrar às crianças que empenhar-se numa tarefa, mesmo que não seja fácil, e obter sucesso, também pode ser muito gratificante. A ideia de que o talento pode ser desenvolvido, leva a uma postura mais flexível, permite arriscar mais, ter menos medo do erro, uma vez que se acredita na capacidade de aprendizado.
NÃO FAZER DO FRACASSO ALGO PESSOAL - Eu fracassei não pode se transformar em "Eu sou um fracasso". Mesmo quem tem a tendência a pensar assim pode melhorar com tempo e prática. Educar não é apenas tolher, apontar erros. É preciso verificar quais são as dúvidas da criança, como ela chegou a determinada resposta e apontar caminhos. Na verdade, o erro não parece tão trágico quando você começa a se perguntar o que aprendeu com aquela experiência.
DESAFIAR-SE - Todo mundo tende a se sentir mais confortável em fazer o que sabe. Mas pode ser muito bom experimentar algo novo. Que tal você e seu filho aprenderem algo juntos? Tentarem algo que não faz sempre parte das atividades da família? Claro que é sempre importante medir o grau e a expectativa ali colocados. Não se trata de desistir quando aparece a primeira preguiça, mas é preciso conhecer a criança e avaliar o tamanho do desafio, para não impor algo insuperável. Outro ponto importante é dar tempo à criança. Ela vai cair algumas vezes antes de aprender a andar de bicicleta. Os pais têm de respeitar esse período que ela precisa para fazer as suas descobertas.
Adaptado da página www.educarparacrescer.com.br
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